Meu ladrão favorito

Eu nunca pensei que pudesse me apaixonar por um criminoso. Sempre fui criada para acreditar que a lei e a moralidade eram intocáveis e, nem em meus sonhos mais loucos, eu teria imaginado a possibilidade de me relacionar com alguém que desrespeitasse a lei dessa maneira.

Mas a vida é uma caixinha de surpresas, e quando eu conheci Pedro, todas as minhas crenças foram viradas de cabeça para baixo.

Ele era charmoso, inteligente e tinha um senso de humor irresistível. Nós nos conhecemos em uma festa de amigos em comum e, desde o primeiro momento, ele exerceu um fascínio sobre mim que eu nunca havia sentido antes.

Eu sabia que ele não era exatamente um modelo de cidadão, mas quando ele me contou sobre suas atividades criminosas, eu não consegui me sentir chocada ou indignada como eu deveria. Pelo contrário, eu senti uma estranha empatia por aquele homem que lutava para sobreviver em uma sociedade que lhe negava oportunidades.

Eu comecei a sair com ele regularmente e, à medida que nossa relação se aprofundava, eu fui percebendo que a minha paixão por ele não estava diminuindo, pelo contrário, estava crescendo cada vez mais forte.

Eu sabia que aquilo não era certo. Eu sabia que, em tese, eu deveria estar do lado da lei e da moralidade. Mas a minha conexão com Pedro era tão forte que eu simplesmente não conseguia me importar com essas questões.

Eu comecei a acompanhá-lo em seus trabalhos, ajudando-o a fazer planejamentos e a pensar em estratégias. Eu me sentia parte de um mundo clandestino e perigoso, e isso era emocionante para mim.

Claro, houve momentos em que eu me senti culpada, quando eu via a dor e o sofrimento que os crimes estavam causando a outras pessoas. Mas a minha paixão por Pedro era tão forte que eu conseguia encontrar desculpas, justificativas para tudo o que ele fazia.

Eu sabia que ele não era perfeito e que, talvez, nunca mudasse seu estilo de vida. Mas eu o amava apesar disso, ou talvez até mesmo por causa disso.

Com o tempo, claro, as coisas mudaram. Eu fui deixando o mundo do crime para trás e, com isso, a minha relação com Pedro se deteriorou. Eu percebi que não era nossa paixão que nos unia, mas sim a adrenalina e a perigosa sensação de estarmos fazendo algo que não deveríamos.

Mas, ainda assim, eu sou grata por aquele relacionamento ter acontecido. Ele me fez questionar minhas próprias crenças e entender que, às vezes, nossos corações nos levam para lugares improváveis.

Hoje, eu olho para trás e vejo como aquele homem era apenas um reflexo do mundo em que vivemos: complicado, injusto e cheio de contradições. E, mesmo com todo o sofrimento que ele causou, eu ainda guardo um lugar especial em meu coração para o meu ladrão favorito.